O percentual de famílias endividadas aumentou novamente e atingiu, em dezembro de 2021, 76,3% dos brasileiros. Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e representam o maior índice em 11 anos, quando a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) foi criada.
O estudo leva em conta dívidas nas modalidades de cartão de crédito, cheque especial, empréstimos, carnês, financiamento de veículo ou residencial, entre outros serviços bancários.
Ao longo do ano, o Brasil apresentou uma crescente, onde o volume de pessoas que se declararam muito endividadas só aumentou.
No gráfico abaixo, do Jornal Nexo, observamos claramente a variação entre o endividamento há pouco mais de uma década e nos dias de hoje, com destaque na elevação repentina durante 2021.
Assim sendo, a média do ano fechou em 70,9%, frente aos 66,5% registrados no balanço de 2020, registrando um considerável aumento de 4,4 pontos percentuais.
Ainda que a média de inadimplência (ou seja: pessoas com dívidas em atraso) tenha diminuído ligeiramente (0,3 ponto porcentual, de 25,5% em 2020 para 25,2% em 2021), o número assusta e mostra uma fragilidade financeira generalizada e crescente entre o povo.
Razões para o endividamento
Segundo especialistas, são distintos os problemas que levaram as diferentes classes sociais a se envidarem.
Enquanto as mais baixas sofreram com a inflação e viram a necessidade de complementar sua renda com os produtos financeiros, as mais altas acabaram por contrair dívidas por terem retomado o consumo generalizado de alguns produtos e serviços. Esse último, fator que havia sido drasticamente reduzido no ápice da pandemia do novo coronavírus.
Além desses motivos, os altos juros e a grande taxa de desemprego que assola o país contribuíram para a sensação de insuficiência da renda frente às obrigações mensais.
E a previsão não é animadora para o primeiro trimestre de 2022, já que o início do ano ainda trará as dificuldades acima citadas, combinadas a um grande volume de despesas para parte da população – IPVA, seguro veicular, rematrícula e compra de material escolar são só alguns exemplos do que pode limitar o orçamento do brasileiro no período.
As armadilhas do cartão de crédito
Basicamente, a origem de todo esse endividamento é sempre a mesma ao longo dos anos: o cartão de crédito.
Ele encabeça a lista, sendo mencionado por 82,6% dos entrevistados na média anual de 2021. Em seguida, o carnê é citado com 18,1% e financiamento veicular, com 11,6%.
O cartão de crédito tem vantagens e desvantagens, mas conta com um enorme perigo atrelado a ele – os juros abusivos.
À medida que são feitas compras por impulso ou que o limite é visto como uma extensão da renda, há grandes chances de o descontrole acontecer. Muitas vezes, impossibilitando o pagamento total da fatura.
Assim, o rotativo do cartão entra em ação, acionando juros que se multiplicam rapidamente, tornando-se uma verdadeira bola de neve. Dificilmente, então, o devedor consegue reduzir suas parcelas ou quitar seus débitos – a não ser que faça um bom planejamento financeiro ou procure por uma revisão de contrato.
É preciso tomar cuidado com as tentações que o cartão de crédito oferece para evitar somar-se ou manter-se nas estatísticas anteriormente mencionadas.
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