Muito se fala no dia a dia sobre como aumentar a taxa de juros diminui a inflação, mas fica difícil para a maior parte dos brasileiros realmente entender o porquê isso acontece e qual o real impacto que a medida tem no dia a dia.
A taxa Selic é a taxa de juros básica do Brasil, definida a cada 45 dias pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) – órgão criado em 1996, com o intuito de controlar a hiperinflação que atingiu os brasileiros nos anos 80.
Primeiramente, precisamos lembrar que a inflação se refere ao aumento generalizado de preços na sociedade, fazendo com que o dinheiro da população sofra desvalorização. Ou seja: se uma certa quantidade de carne custa R$ 20,00 em uma semana, e R$ 23,00 na semana seguinte, o poder de compra do consumidor automaticamente caiu.
Como consequência da alta inflação, temos uma economia estagnada, pois as pessoas deixam de consumir ou buscam somente o que é essencial, prejudicando outros setores da economia. Isso gera desempregos, acréscimo de dívidas e insegurança aos investidores – que acreditam que o risco de investimento no Brasil é alto.
O principal índice para medir a inflação é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ele leva em conta a variação de preços em diversas cidades metropolitanas do país, em categorias como alimentação, saúde, transporte, educação, vestuário, entre outros.
A alteração na taxa Selic impacta diretamente no IPCA e outras áreas da economia, e no dia 16 de março de 2022, a Selic teve o nono aumento seguida, chegando a 11,75%. Caso queira, entenda a evolução da Selic durante esses anos aqui.
A seguir, explicaremos como isso afeta diretamente o dia a dia de todos nós.
Por que aumentar a taxa de juros diminui a inflação?
Em tese, emprestar dinheiro ao governo (em forma de investimento), seria o meio mais confiável de retorná-lo. Afinal, em última instância, seria possível imprimir mais dinheiro para lhe pagar.
Ao mesmo tempo, uma regra básica de investimento é: quanto maior risco de você perder o que aportou, maior será a taxa de juros que lhe devolverão em troca, para que a operação compense.
Sendo assim, investir em títulos da União é mais seguro, o que faz com que a taxa Selic (estipulada pelo Banco Central) seja a menor taxa de juros praticada no mercado.
Mas o que isso tem a ver com a inflação e o aumento de preços generalizados?
Vivemos em um modelo econômico de oferta e procura, onde quanto maior a demanda por bens e serviços, maior será o valor cobrado para supri-la.
Quando a Selic está baixa, todas as outras taxas de juros automaticamente caem, estimulando o acesso ao crédito e a aceleração do consumo.
Por outro lado, quando os preços estão muito altos, aumentar a taxa base faria exatamente o contrário, já que frearia as possibilidades de consumir ainda mais.
Desse modo, com a população consumindo menos, a produção diminuiria, obrigando os preços a baixarem.
É por isso que o constante aumento da taxa Selic é, de certa forma, uma maneira de tentar fazer com que a inflação caia e que as pessoas consigam voltar a consumir de maneira mais diversa e segura.
Contudo, falar somente sobre a oferta e procura é um jeito muito simples de justificar esse crescimento.
Embora o Bacen leve em consideração esse fator, a complexidade é muito maior, pois existem diversos aspectos macroeconômicos que afetam as decisões (falamos mais sobre isso no texto sobre o que é economia) nacionais.
Dessa forma, entenda também quais são os outros agravantes que impulsionaram o aumento da Selic.
Por que a inflação está tão alta?
Se tem algo que o brasileiro notou, é que a inflação está descontrolada: itens básicos da alimentação tiveram uma escalada de mais de 40% em 2021, sem falar na recente elevação do preço dos combustíveis.
Tudo isso prejudicou (e muito!) o bolso do consumidor, que se vê cada vez mais sem alternativas.
A justificativa está principalmente no encarecimento nos custos da produção. Como importamos muitos insumos e produtos finais, a alta nas taxas de câmbio frente ao real não colaboram em nada com a diminuição dos preços. É o caso do combustível, utilizado para distribuir tudo o que é consumido internamente.
Em contrapartida, o Brasil também tem exportado muito mais alguns itens importantes – como a carne bovina – gerando déficit por aqui e aumentos recorrentes.
Paralelamente, variações climáticas, como a forte chuva em algumas regiões (prejudicando a agricultura) ou a falta dela (encarecendo a geração de energia elétrica) também fizeram com que a inflação aumentasse ainda mais.
Logo, não há como garantir que aumentar a taxa de juros para diminuir a inflação irá resolver todos os nossos problemas, pois existem fatores externos e incontroláveis que também precisam ser considerados.
Portanto, não é possível ao governo acabar com a inflação, e sim gerar medidas que tentam atenuá-la, em busca de uma economia mais forte.
Saiba mais sobre economia e em como ela afeta diretamente suas finanças no blog da Novo Ideal!