Não é novidade que os juros do cheque especial e do cartão de crédito no Brasil são um dos mais elevados de todo o mundo, bem como a maior fonte de inadimplência da população. Embora a medida do Banco Central (BC) tenha estipulado um teto para o primeiro serviço citado, ainda é preciso tomar muito cuidado para não cair em armadilhas.
Caso você não esteja ciente, o BC decretou uma medida que passou a valer em janeiro de 2020, onde os bancos não poderiam ultrapassar a cobrança de 8% de juros ao mês na modalidade do cheque especial.
Ou seja: quando a conta bancária se torna negativa e há um limite extra disponível para cobrir os gastos, o valor máximo que uma instituição financeira pode cobrar é de 151,8% ao ano de seus clientes por esse ‘’empréstimo’’.
Como referência, em novembro de 2019 (antes da limitação), os juros desse serviço marcavam 306,6% a.a. No entanto, no mesmo período de 2020, a marca chegou a 113,6%, representando menos da metade.
Por outro lado – o outro vilão – os juros do cartão de crédito seguem exorbitantes. A taxa média da categoria alcançou 335,3% a.a. em abril, enquanto no mesmo período do ano passado marcava de 315,1% a.a.
Embora esses números possam parecer um pouco vagos, eles representam muito para a saúde financeira dos brasileiros. Entenda como as variações lhe podem afetar diretamente a seguir.
Por que houve teto nos juros do cheque especial e qual foi o impacto?
O Banco Central estipulou um limite para os juros do cheque especial porque o serviço, assim como o cartão de crédito, abala de maneira definitiva as finanças da população – sobretudo a mais pobre.
Pelo fato do nosso povo não ser estimulado a ter uma boa educação financeira e também pela fragilidade da economia, é comum que os recebimentos não sejam suficientes para arcar com todas as contas e ainda a alta dos preços gerais (inflação).
Medidas desesperadas fazem com que esse tipo de oferta seja o “bote salva vidas” dos endividados. Na verdade, os juros sobre juros tornam tudo uma verdadeira bola de neve, gerando um descontrole ainda maior.
Assim sendo, a atitude veio como tentativa de tornar o produto mais eficiente e ao mesmo tempo provocar a reflexão na população.
Afinal, há sempre uma melhor alternativa e acionar essas medidas deve ser feito somente em último caso.
Ainda, a ação de regular as linhas emergenciais de crédito é comum entre países desenvolvidos e emergentes, principalmente porque estimula a competitividade entre os bancos (nos primeiros meses do ano passado as taxas caíram continuamente).
Para se ter uma ideia, o BC estima que com a providência em relação ao cheque especial, os brasileiros economizaram cerca de R$ 10,4 bilhões (você não leu errado) em juros entre janeiro e dezembro de 2020.
Não é preciso dizer que esse dinheiro poderia, tranquilamente, ser direcionado para outras finalidades se bem aplicado. Concorda?
Portanto, cabe repensar a administração do dinheiro e acompanhar as taxas que cada instituição pratica.
O teto do cheque especial pode me ajudar?
Apesar de a medida do Banco Central representar um avanço em relação à livre taxação por parte dos bancos, os juros nada mais são do que uma cobrança extra na sua dívida, que vão se acumulando a cada dia.
Por exemplo, uma dívida de R$ 1.000,00 contraída no cheque especial em novembro de 2019, em um ano quadruplicaria de valor se não paga, representando R$ 4.066,00 no final do período. Com os ajustes, o mesmo débito (seguindo a mesma lógica) cairia quase pela metade após o ajuste, mas ainda assim representaria mais que o dobro da dívida inicial!
Caso você não os precisasse pagar, poderia destinar para o pagamento de outros compromissos, gastar com algo necessário ou mesmo poupar.
Então devo escolher o cheque especial no lugar do cartão de crédito?
Conforme dissemos, ambas as práticas estão muito além do ideal e em níveis superiores a maior parte dos países da América Latina e do mundo.
Em abril desse ano a taxa média do cheque especial teve alta e chegou a 6,97% ao mês (estava em 6,88% a.m. em março). Lembrando que cada entidade cobra um valor, que também varia de acordo com a relação prévia com o cliente.
Comparativamente, o rotativo do cartão de crédito (quando o cliente não consegue pagar o total da fatura e o valor passa para o mês seguinte, com acréscimo de juros) ficou em 27,94% ao mês.
Obviamente, se tiver que escolher entre uma opção e outra em um momento de imprevisto, é melhor optar, no momento, pelo cheque especial. No entanto, tendo em mente que mesmo essa opção pode trazer muitos danos à sua saúde financeira.
De um jeito ou de outro, a melhor solução sempre vai ser cobrir a dívida o quanto antes para se livrar da taxação extra e fazer um bom planejamento financeiro e controle de gastos para não cair em nenhuma artimanha bancária.
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