O mês de agosto foi marcado pela menor taxa Selic desde a sua criação, em 1996. Devido à instabilidade do cenário brasileiro frente à crise da pandemia de COVID-19, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu reduzir a taxa pela 9ª vez, somente neste ano.
A evolução da Selic ao longo do tempo é reflexo principalmente do cenário econômico e eventos políticos, que contribuíram para o aumento ou diminuição de investimentos estrangeiros no país, bem como limitaram ou ampliaram o poder aquisitivo da população.
O gráfico abaixo mostra a variação da taxa nos últimos dez anos:
Mas o que isso significa?
Economicamente falando, a taxa Selic representa um poderoso regulador da nossa economia, e entender o que ela representa é fundamental para ver em como a sua vida pode ser afetada de forma prática.
O que é a taxa Selic?
A taxa Selic é a taxa básica de juros do nosso país, estipulada pelo Banco Central (Bacen).
Primeiramente, vamos falar sobre inflação – que nada mais é do que o aumento geral dos preços aos consumidores.
Por vivermos no sistema econômico do capitalismo, precisamos entender que quanto mais gente procurando determinado serviço ou produto, maior será sua oferta (preço). Da mesma forma, se há poucos produtos no mercado e a procura é grande, a tendência é que seu preço aumente.
Um exemplo simples é pensar nas baixas da agricultura: se há muita gente procurando por tomate, mas a produção sofreu com as condições climáticas, será muito difícil encontrá-lo com qualidade e valor mais acessível.
Por outro lado, se há muitos produtores disputando a atenção dos consumidores, a tendência é que eles tornem seu preço mais competitivo, visando vender a mercadoria.
Isso compreendido, voltemos à Selic. Quando a inflação está alta, o Banco Central aumenta as taxas de juros, forçando com que a população não consuma tanto e dessa forma, os preços caiam.
Em contrapartida, quando a inflação está baixa, o Bacen diminui as taxas de juros, estimulando os gastos.
Porque a taxa Selic caiu?
No cenário atual, a queda apresentada visa diminuir os juros bancários, ao mesmo tempo que procura aquecer a economia – já que o poder de compra diminuiu com a alta taxa de desemprego, o fechamento de muitas empresas (consequente diminuição da competitividade) e à insegurança da população em gastar.
Assim, se o consumidor aproveitar esse momento para adquirir bens e comprar mais, a economia pode ser beneficiada como um todo: mais rendimento das empresas, bancos e consequentemente maior oferta de empregos, por exemplo.
Como posso aproveitar a queda da Selic?
Este momento da menor taxa histórica da Selic é propício para se beneficiar com a queda geral dos preços no mercado como um todo. Sobretudo, por exemplo, para quem deseja financiar um veículo, imóvel ou precisa obter um empréstimo.
Isto porque, quando a Selic cai, o custo dos bancos na obtenção de recursos federais também diminui e com isso, devem atenuar suas taxas praticadas de juros, as tornando mais atrativas.
Por outro lado, na situação atual, o risco de inadimplência também é alto. Então, os bancos tendem a embutir esse risco em suas taxas, como medida de precaução e segurança.
Portanto, torna-se um bom momento para avaliar as opções que o mercado tem a oferecer em relação à créditos e financiamentos, desde que você tenha em mente que as taxas anuais cobradas pelos bancos não serão as mesmas que a Selic.
Afinal, eles calculam em seu valor tanto o risco de calote, quanto o que fica retido pelo Banco Central, as despesas administrativas e evidentemente, seu próprio lucro nas transações.
Por fim, caso esteja em um financiamento e desconfie que ele possui juros abusivos, pode ser um bom momento para compreender o que é uma ação revisional de contrato e buscar ajuda especializada, uma vez que os bancos devem estar mais propensos à negociações no momento – devido à queda da Selic.